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Oficina de Papel Artesanal do Armazém das oficinas produz flores a partir de bitucas de cigarro
Matéria-prima é resultado de tecnologia pioneira brasileira.
Por Larissa Biondi
Em março de 2019, o Armazém das Oficinas firmou parceria com a empresa Poiato Recicla, para em caráter experimental, testar e validar um processo de utilização de “Massa Celulósica”, a partir da reciclagem de bitucas de cigarro.
Surgiu dessa experiência, as flores de bitucas recicladas, confeccionadas pelos artesãos portadores de transtornos mentais ou dependentes químicos da Oficina de Papel, localizada nas dependências do Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira.
O processo de reciclagem das bitucas é realizado por ação de tecnologia inovadora, desenvolvida pela UnB – Universidade de Brasília.
De acordo com Marcos Poiato, fundador da empresa Poiato Recicla, pioneira e na reciclagem de resíduos de cigarro (única empresa licenciada pela UnB, para fazer uso da tecnologia), as bitucas apresentam componentes tóxicos. Quando aceso, um cigarro contamina o ar; quando descartado de maneira irresponsável, ele contamina o solo e a água, provoca queimadas e, além disso, pode ser ingerido por animais. Dessa forma, o descarte responsável, a coleta e a reciclagem se fazem necessários na luta a favor do meio ambiente.
A confecção das flores se deu a partir da parceria da Poiato Recicla com a instituição, como conta Ana Paula Ferreira, monitora da Oficina de Papel: “eles começaram a fazer a coleta e a reciclagem das bitucas e eles estavam procurando alguma instituição que trabalhasse com a reciclagem de papel. […] e aí eles passaram a nos fornecer, a massa celulósica por eles produzida”..
A reciclagem das bitucas é realizada na usina da Poiato Recicla (primeira e única usina de reciclagem de cigarros do Brasil) e se dá, através de um processo químico e cozimento. Durante essa etapa, toda a toxicidade das bitucas é retirada e elas se transformam na massa celulósica, que são encaminhadas posteriormente até a Oficina de Papel. Paula também acrescenta que o processo para a confecção dos trabalhos artesanais não se encerra na usina: “a gente pica a massa, deixa de molho por 24 horas e aí bate no liquidificador. Depois de bater, podemos tingir ou tirar ela naturalmente”.
A confecção das flores feitas a partir do material reciclado não causa impacto positivo apenas do ponto de vista ambiental; as vendas dos trabalhos artesanais são revertidas em bolsa-oficina para os artesãos. Dessa forma, eles garantem tanto a geração de renda pessoal, quanto a inclusão social, visto que todo o trabalho é feito em equipe: “aqui dentro nós somos uma equipe, todo mundo trabalha, cada um tem a sua tarefa. Se aquele não fizer o papel, o de cá não tem as coisas pra trabalhar. Um depende um do outro”, conta Celeste da Cruz, artesã da Oficina há dois anos.
É nesse espírito de trabalho em equipe e amizade, que os artesãos atingem um aumento da autoestima: “graças a Deus me encaminharam pra cá, onde eu posso vir todo dia, me sentir alguém na vida. Lá fora a gente é desvalorizado, mas aqui a gente tem um valor muito grande e isso me faz muito feliz, eu gosto muito daqui” conta Celeste. Com Cristiane Juliano Pereira, não é diferente. Há cinco meses na oficina, ela afirma: “aqui eu encontrei uma valorização enquanto ser humano e gosto do que eu faço, faço com amor e eu acho que é gratificante“.
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